2025
Este vídeo parte da paisagem como território de ancestralidade — um espaço onde o tempo se acumula não só na matéria, mas nos gestos, nos corpos e nos ecos que atravessam gerações. Elementos como a oliveira, as papoilas, o pano branco e os rituais silenciosos compõem um cenário onde presenças são evocadas, intuídas, talvez invocadas. As figuras que o habitam — femininas, cobertas, em dueto ou solitárias — não representam identidades fixas, mas manifestações possíveis de uma herança invisível.
A ancestralidade aqui não é genealógica, mas sensorial, emocional, quase fantasmática. Trata-se menos de uma linhagem do que de um corpo habitado por ecos: memórias herdadas, silêncios antigos, traumas transmitidos. A figura coberta pelo pano branco torna-se símbolo dessa presença sem rosto nem linguagem, mas profundamente enraizada.
Sem seguir lógica linear ou narrativa, o vídeo constrói-se como um delírio ancestral — um campo de forças entre o visível e o invisível, entre a paisagem e o interior. Nele, as figuras dançam, lembram, repetem — e resistem.
05' 44", cor, som stereo, 2560x1440 (Quad HD)
Anotio, 2025