2025
Não Me Traísse o Corpo parte de uma inércia criativa, usando o próprio processo de criação como uma estratégia para contrariar essas amarras internas. A obra apresenta uma figura humanoide feita de silicone, pêlo, fio e resina, que se situa entre o real e o artificial, evocando um corpo duplicado, interrompido e em constante transformação.
Este trabalho reflete sobre a identidade como algo não fixo, mas reproduzível, plástico e passível de manipulação. Ao banalizar e moldar a imagem de um rosto, a obra transforma a identidade num objeto tangível que pode ser trabalhado, desconstruído e aceitado. Trata-se de processar, através da materialidade e do gesto artístico, o que implica ser portador de uma imagem e, por extensão, a condição ontológica do ser e existir.
A instalação instala-se numa tensão entre presença e desaparecimento, entre forma e colapso. A figura, embora estática, carrega consigo a memória de um movimento anterior — de esforço, de desgaste, de resistência silenciosa. Há uma suspensão emocional no corpo que se apresenta, como se habitasse o intervalo entre quem se é e quem já se foi.
175 x 45 x 20 cm
Silicone, pêlo, fio e resina
Anotio, 2025